Eu não conto o tempo.
Deixo que o sol venha
E vai embora quando quiser.
Um dia a mais. Um dia a menos.
Do alto da minha janela
Eu assisto a partidas e a chegadas,
Às perdas e aos ganhos.
É a vida que segue
Para aonde eu não sei...
Não tenho tempo a perder
Com filosofias inúteis.
O ano não termina nunca!
Os dias são os mesmos.
É "o futuro repetindo o passado".
Um calendário ridículo
Das humanas e prisioneiras mentes.
Nuvens negras.
Sombras na minha vida,
Medo? Não! Expectativa:
Quem acenderá a luz?
Os deuses adormecidos?
O Todo-Poderoso do Universo
Ou um simples mortal?
Perguntas sem respostas...
Ah, vida, vida, vida,
O grande palco das ilusões
E dos sonhos vendidos tão baratos...
Ao mundo, minha ironia!
Ao povo sábio e normal,
O legado do meu desprezo!
Aos loucos, os meus aplausos!
Combinação perigosa:
Vinho, cigarro, poesia
E Julio Iglesias.
O vinho embriaga a alma
Que sufoca as palavras
No meu coração adormecido
E por que não endurecido?
O cigarro queima no cinzeiro.
A fumaça sobe lentamente
E escreve seu nome no ar...
Eu não me importo.
Não há emoção. Indiferença, talvez.
Ao som de "La Cumparsita"
Eu sigo a minha jornada.
Ou melhor, sigo o baile
Porque a vida me convida!
Meu coração é casa de passeio
Somente para os meus sonhos.
Não ouse bater na porta!
Ela jamais se abrirá. Está fechada
Eu perdi as chaves
E nem faço questão de encontrá-las.
Tente não caminhar em vão!
Não perca seu tempo!
Deixe-me com meu egoísmo
De desfrutar dessa doce solidão
Que me faz feliz a cada dia.
Eu não quero fazer parte de sua vida
Porque sou inteira, sou intensa,
E eu pertenço a mim mesma...
No meu mundo não cabe você!
Ah, não procure pelas chaves!
Segredos guardados,
Sentimentos ilhados,
Suspiros sufocados...
Não tem raio-X
Que fotografe o mistério.
Razões desconhecidas,
Indecifráveis pensamentos
Engaiolados e livres ao mesmo tempo.
Instável...inconstante... camaleoa...
Troca de amores
Como quem troca de roupa.
Nômade! Não se prende a nada,
Nem sofre por amor
Porque não acredita nos homens.
Da minha alma intrigante,
Profundamente misteriosa,
Ninguém jamais terá um nudes!
Nem eu!
A cada dia
Um dia a menos.
Morremos desde que nascemos,
E matamos também.
Assassinamos sentimentos,
Jogamos fora o lixo do amor
Que não foi correspondido...
Não nos importamos mais
Com o pássaro que partiu
E nem sequer se despediu.
Vamos acumulando descrenças,
O silêncio como resposta,
A ironia e o desprezo
Pelas futilidades da vida.
E como isso faz bem à alma!
Deixe-me em paz!
Eu não quero ser Fênix!
Minha alma anda cansada.
Não é fácil, todos os dias,
Renascer das cinzas.
Quero ser esquecida!
Pegue sua taça de veneno
E não me faça beber devagar.
Coragem! Aumente a dose!
Eu não preciso piedade.
Eu continuo sonhando
Um "Fugere Urbem"
Da dura realidade.
E, nos meus sonhos,
A luz ilumina
A escuridão de minh'alma
Tão despedaçada e pecadora
Porque não é bom ser santa.
Eu não nasci para isto!
Sou água de rio
Que corre para o mar
Livre, leve, solta!
Sou pássaro ferido
Sangrando e cantando
Para esconder as tristezas!
Rodas cantam no asfalto negro,
Tão escuro quanto a amarga noite.
O céu fechou as janelas
E recolheu as estrelas.
Os sons noturnos ecoam no ar...
Mistérios que ninguém explica.
Meu coração precisa gritar
Mas faltam-lhe forças para isso,
Ele sufoca a dor do desencanto
E chora silenciosamente.
As lágrimas transitam dos olhos à alma...
Não luto contra o destino.
Eu, água de rio que se deixa levar,
Aprendi a conviver com tudo,
Exceto aceitar a sua ausência.
Com o passar dos anos,pouco a pouco,
A vida me ensinou a desistir
Da dor e do sofrimento,
E de alguns tolos sentimentos.
Não me endureci. Fortaleci-me.
Não abandonei os meus sonhos.
Tornei-me imune às doenças
Que tanto mal fazem à alma...
Compreendi o que realmente importa.
Sou a mulher de tanto faz!
E, hoje, quando olho no espelho,
Vejo nele refletida a mulher
Que a vida me deu de presente!
As estratégias foram planejadas
Ao longo do dia, sob o sol escaldante.
A tarde caía no horizonte
Quando o fogo cruzou o ar...
O barulho estrondoso das armas
Fazia acelerar o coração.
Alguns pássaros ousados
Desafiavam a ira e voavam
Entre as rajadas cortantes no ar.
Os minutos angustiantes e tensos
Transformaram-se em uma eternidade.
De repente... as lágrimas dos anjos
Rolaram sobre a Terra endurecida,
Lavando os ressentimentos da alma.
Lá fora, a guerra consumada, batalha árdua!
Cá, dentro do peito, a calmaria
E o fascínio pela tempestade
Arrastando consigo a louca ventania!
Sob as grossas nuvens cinzentas,
Meu coração exulta a força e o poder de Deus,
O Senhor de todo o Universo!
No teu aço eu me refaço
E nem disfarço os amores
Que transbordam docemente
Das tuas montanhas verdejantes...
E o que me importam os mares
Se tenho em mim a vida
Que desfruto dos teus ares?
Tua gente, tuas cores, teus sabores
Despertam em mim a luxúria poética.
Deusa, no vale nascida,
Minha alma engrandecida
Curva, diante de ti,
Minha querida Timóteo!
Somente as estrelas assistem
Às lágrimas que escorrem
Lentamente pela minha face.
Elas não se importam com nada
E continuam a brilhar...
Quando piscam, parecem sorrir.
Elas me lembram os homens:
Cada qual no seu mundo,
Indiferentes ao sofrimento dos outros.
Todos são assim.
Criados, à semelhança do Criador,
Que também deixou de se preocupar
Com o destino da sua criação.
Vem pintar o teu nome
Com a tua boca na minha pele
Já deserta e seca de esperanças...
Convença- me só com o olhar
E me conta tudo que te encanta.
Quando sentires frio, abraça- me.
Quando sentires calor, desnuda- te!
Não percas tempo!
Vem perder teu juízo comigo!
Esquece o mundo! Vive a loucura!
Deixa- me ser o vinho que te embriaga...
Dá- me motivos para sonhar!
Sou uma vela na ventania.
Sinto enfraquecer a chama
Que insiste e tenta resistir
À crueldade da tempestade...
Nem sei o que é melhor:
Viver o tormento?
Prolongar o sofrimento?
Acreditar no milagre?
Ou simplesmente devo desistir
E deixar apagar a chama?
O que faz sentido nesta vida?
Esse mistério me irrita!
E cada vez mais eu desacredito
Nos deuses e nos homens.
São todos uma farsa da criação
Vivendo e jurando falsas promessas!
Através da janela
Assisto ao choro da natureza.
São lágrimas finas, frias e tristes...
Não sei exatamente o que sinto.
Meus olhos passeiam pelas montanhas.
As árvores estão quietas,
Não demonstram nenhum sentimento.
E os pássaros? Onde estão os pássaros?
A quietude me inquieta a alma.
Há um nó na minha garganta
Sufocando o grito que pede liberdade.
Os estalos das gotas na vidraça
Acompanham as batidas do meu coração.
Coração bobo! Coração ilhado!
Mas que ainda se encanta
Mesmo quando não se encontra!
Por que isto ou aquilo?
Às vezes não temos escolhas.
Nem tudo se encaixa em regras
Ditadas pela moral hipócrita.
Podemos ter sol e chuva ao mesmo tempo,
Flores e espinhos, lágrimas e sorrisos
Harmoniosamente no mesmo espaço.
Por que escolher apenas um
Se você pode ter vários amores?
Qual o tamanho do seu coração
Se nele cabem todos os sentimentos?
Quebre as regras! Deixe que falem!
Ame tudo e a todos!
Exploda-se o mundo!!
Sob o olhar curioso das nuvens,
A tarde caminha pelo horizonte
À procura do bravo guerreiro.
O verde-musgo camuflado
Esconde a silhueta mágica
Que passeia nas minhas veias...
Onde estará o lobo solitário?
No mar? No deserto? Nas montanhas?
Só sei que há deserto em minh'alma,
E um mar de angústias no meu olhar.
O sentimento escorre pelas montanhas
Qual uma cascata que chora...
Pela força dos quatro elementos,
Oh, Deus, traga-me notícias de lá!
Pés no chão. Cabeça nas nuvens.
Sonhadora.
Olhos que leem além do horizonte.
Águia!
Não guarda mágoas. Atira-as ao vento.
Livre!
Ama a vida. Não teme a morte.
Corajosa!
Vive cada minuto como se fosse o último.
Intensa!
Sorriso nos lábios. Lágrimas no coração.
Desapegada!
Nem alegre, nem triste, nem poeta.
Humana.
Bela? Fera. Incrédula. Sofisticada.
Irônica. Simples. Calmaria. Tempestade.
Sou única. Sou todas as mulheres.
Moram em mim todas as mulheres
Que nem chego a me conhecer.
Nas mãos levo
O presente que me destes.
Como vês, não fez efeito!
Foi o melhor drink
Que a minha alma já bebeu
Para renascer das cinzas...
O líquido venenoso foi o remédio
Que curou as feridas da alma,
E libertou as dores acumuladas.
E, hoje, livre, leve, solta,
Venho devolver-te o frasco.
Beba! Não temas!
Nele está contido o meu perdão!
Compre uma arma.
Não esqueça a munição!
Regue os sentimentos todos os dias.
Com o tempo, você verá
Os brotos que nascerão.
E, quando vier o desabrochar
Da mais bela flor,
Com a arma em punho,
Mire no peito de alguém
E acerte em cheio o coração!
E, assim, sob o olhar do universo,
Você espalhará o perfume
Na essência do mundo
Com armas de flores
E a munição do amor!
Exagero? Eu não sou exagerada.
Sou intensa. Intensidade, meu amor!
Eu sou igual ao vento:
Posso ser sua respiração
Ou, quem sabe, a sua devastação...
E, de uma simples faísca,
De acordo com as labaredas,
Posso aquecer ou queimar.
Minha natureza inquieta
Não se conforma com o cotidiano.
Eu não respeito as previsões
Que os astros dizem fazer.
Meu destino não é de ninguém!
Vem!
O banco está vazio.
Senta-te... Olha o infinito...
Fecha os olhos do corpo
E abre os olhos da alma.
Deixa a poesia misturar-se ao sangue
E inundar todo o teu ser...
A negritude das árvores
E o ar melancólico da paisagem
Não são sinais de tristeza.
Vem ler o mundo sob a ótica
Das várias formas de amor;
E, se possível, do amor ao próximo.
Meu coração tem olhos nítidos
Para enxergar seu rosto
E ver além do que você imagina.
Ele não precisa de óculos!
Meu olhar felino sabe ler
As mentiras sinceras
Que percorrem suavemente
A minha alma embriagada,
Como se fossem folhas secas
Caindo das árvores em pleno outono...
Eu não me importo com a verdade.
Não existe verdade absoluta!
Existe o sonho!
E isto me basta!
Vamos sofrendo de distâncias
A cada minuto que passa.
O vento é nosso carteiro.
Ele conhece os segredos insanos
Dos nossos corações,
E os desejos ocultos
Das nossas almas em chamas...
Tal qual um espião, ele apenas escuta
E se encarrega das entregas:
Imagens, gestos, sorrisos e olhares
Que se cruzam ardentemente.
Do Ocidente ao Oriente,
Voa, livre, a voz do coração:
Eu te amo!
Cabe a cada um
Interpretar o amor.
A mim não faz diferença.
Tem ponto final na eternidade
E não é lá que mora
A tal felicidade
( Até porque ela é passageira ).
Pra sempre é jogada dos homens.
Tudo será eterno
Enquanto durar...
Não sejamos tolos!
Amor e ódio andam de mãos dadas!
É preciso controlar as doses!
Não tenho domínio do meu caminho,
Mas não se engane comigo!
Meus pés sabem aonde me levar.
Leia-me como eu sou,
Não como você me imagina.
Sou ilusão de ótica!
Metamorfose ambulante. Camaleoa.
Sou como os galhos das árvores:
Danço de acordo com o vento.
Hoje quero. Amanhã não quero mais.
Ah, e como sei ignorar o sofrimento?
Eu não aprendi alimentar a dor!
Oh, Deus, que dorme
Em berço esplêndido!
A humanidade clama por Ti.
Por que não respondes?
Por que assistes a tudo
De forma tão indiferente?
Ninguém clama por sofrimento.
Como Pai de Bondade,
Sabes o quanto dói a dor do filho
No coração dos pais.
Ou não?
Volta a tua face,
Pratica o perdão que ensinastes!
Abranda a tua ira
E tenha piedade das tuas criaturas!
A humanidade precisa de paz.
E, acima de tudo, precisa ser feliz!
Há um caos dentro de mim.
Sou como a humilde flor
Arrastada pela correnteza da fonte.
Sou o nada, o joio do trigo,
A insignificância do ser
Diante da ira dos deuses
( Deuses que nunca vi )
Mas que vivem no paraíso
Cercados de ouro e prata,
Que se deleitam na paz
Enquanto os homens se matam em guerras!
Deuses e santos que anotam preces
E depois as esquecem.
Deuses um tanto políticos:
Que jamais cumprem suas promessas!
Uma taça vermelha
Fazendo a boca salivar
E a fumaça no cinzeiro
São os entorpecentes da alma...
Cazuza canta os sonhos perdidos.
Eu também quero uma ideologia
Para viver...
Lucidez insana!
Peixe fora d'água,
Nascida no planeta errado
Também sou maior abandonada
Pelos sonhos, pela utopia...
Eu sou a nata do lixo!
Eu sou o luxo da aldeia!
Foda-se o mundo!
Nem sempre suave.
Sou mulher de fases
Qual a lua que tu vês!
Escondo na calmaria
Os explosivos raios de ira,
Os trovões adormecidos,
E as águas tempestuosas.
Sou pássaro e sou árvore,
Tenho asas e tenho raízes;
Às vezes fada, às vezes bruxa
Não quero ser bom exemplo.
Só quero ser o que sou:
Apenas uma mulher!
Céu... mar...
Lua... nua...
Sua voz rouca
A me chamar.
E qual Ismália louca
Eu me deixo levar...
O coração suspira
No corpo que estremece...
E a alma respira:
Ah, se eu pudesse!
Iria morrer em seus braços!
Perdida, encontro-me aqui
Diante das nuvens negras
À espera de um milagre
( Se é que ele existe)...
O ceticismo invade minh'alma
E um enorme vazio
Preenche todo o meu ser.
Meu coração bombeia a tristeza
Que percorre cada vaso sanguíneo
Em uma explosão de saudades...
Meu barulho interior
Grita mais alto do que o silêncio.
Meus olhos abrem as janelas
E deixam verter sobre a minha face
Um mar de águas salgadas.
Olho-te orgulhoso em tua mansão.
Não tenho inveja de ti.
Também tenho bela casa,
Dão-me água, comida e cigarros...
Se cantas escondendo mágoas,
Também sei belas canções
E faço versos com rimas
Quando eu bem quiser.
E, enquanto a vida passa,
Montada na liberdade do vento,
Sinto o peito desmoronando
Através da minha enorme gaiola...
Há tempestade no meu olhar
Nele as nuvens desabam em lágrimas.
Nuvens de desencanto.
Os raios dançam no meu peito
E fazem arder em chamas o meu coração.
Frágil, olho para o céu:
"- Deus, onde estás, Senhor Deus?"
Mas Ele não está.
Ou talvez esteja muito ocupado
E não vai se preocupar comigo.
Descubro-me só...
Completamente só
Esperando a tempestade passar!
Sei que morro.
E o que é mais triste
É levar comigo
As não resolvidas dores
E os não conquistados amores.
Por isso, não quero flores!
Quero o corpo descoberto.
Apenas um longo vestido
Que chame a atenção dos amigos.
E que nesse dia a cigarra
Guarde seu canto fúnebre
Para um dia de tristeza.
Quero glória! Quero luz!
Quero ir ao encontro da paz!
Eu canto
Porque existo em um instante
E a minha vida não está completa.
Sou alegre e sou triste:
Não sou poeta.
Irmã do vento e da lua,
Não remo contra a maré.
Deixo que as águas me levem
Até ao porto seguro. Ou inseguro?
Chamado de destino.
Só sei que canto:
A canção desafinada
De uma vida passageira.
Vida louca, breve, bandida
E surpreendente!
Feliz de quem pode ser
Ou até mesmo pode não ser:
Nem alegre nem triste.
Pelo menos foi poeta.
Tive sonhos.
Esqueci.
Tive medos.
Venci.
Caminho
O caminho desconhecido.
Também que graça teria
Se o conhecesse?
Se busco luz e encontro trevas,
Acendo em mim a esperança.
Se me transpassa o peito os espinhos,
Curo as feridas
Com a suavidade das rosas.
Viver é o que importa.
Andar nas nuvens
com os pés no chão,
Dançar a dança do vento
E seguir o curso faceiro do rio
À procura do mar...
E ela me contava histórias como ninguém, todos os dias antes de eu adormecer. Algumas horripilantes que me faziam acordar amedrontada de madrugada. Ela era uma espécie de mãe, amiga, irmã.
Mas havia uma história de contos de fadas, reinventada, que era sempre repetida. A cada vez que contava, ela acrescentava mais fantasias ( talvez seja ela um dos motivos do meu gosto pelas letras, pelo sonho, e pela imaginação).
Com o passar do tempo, eu nunca consegui esquecer os dois cisnes: o negro e o branco.Enquanto tinha os cabelos acariciados pelas suas mãos, eu me deixava levar pelo lago, e meu coração se entristecia com a maldade do feiticeiro, que transformava a bela princesa em cisne branco durante o dia e, à noite, o príncipe em cisne negro. Humanos e aves! Eles nunca se encontravam na mesma espécie! Que triste!
Em uma noite, ela decidiu colocar um fim em todo aquele mistério. Acho que já estava cansada. No emaranhado do enredo, achou a solução. Deve ter feito um acordo com o feiticeiro. Segundo ela, os dois apaixonados viviam infelizes. Realidade dura: durante o dia, a jovem não passava de um cisne branco cantando uma linda e melancólica canção. À noite quando voltava a ser uma princesa, seu jovem e amado príncipe era transformado em um belo e negro cisne...
Mas, com os bondosos poderes de uma boa fada, a história mudou, não totalmente, porque o feiticeiro era extremamente poderoso. Não era possível reverter toda situação, como em todos os contos de fadas.
E, hoje, quem passa pelo lago azul da Floresta Negra, à noite, pode avistar dois cisnes apaixonados, nadando tranquilamente, de asas dadas, pois lhes é permitida a mutação de humanos para dois belos cisnes: um negro e um branco. Até que venham os prime
Minh'alma se desfaz em brumas...
Experimenta a maresia...
O perfume adocicado do vento
É o convite dos deuses!
Não temas o desafio!
Pega carona na brisa suave
E vem ao meu encontro...
Há um castelo de sonhos
Envolto em poesia e mistério
A tua espera!
Em um tempo
Sonhei com sapos que viravam príncipes,
Calcei os sapatos de cristal da Cinderela,
Andei em reluzentes carruagens de abóboras,
Mirei-me no espelho mágico da madrasta
E ouvi quando ele me disse:
-" Não! Nada no mundo
É mais belo do que tu!"
Então veio outro tempo:
Encontrei um príncipe que virou um sapo,
Ficou na vitrina o sapato que desejei...
No ônibus lotado e suado
Deixo registrado o meu anonimato.
Diante de mim, pálido de espanto,
Um espelho mudo parece sussurrar:
-" Por que você cresceu, Cinderela?"
A vida é um fio muito curto.
Equilibrar nesse fio
É o grande desafio.
Na corda bamba sem sombrinha
As quedas são inevitáveis...
Viver é correr perigo,
É alçar voo mesmo de asas quebradas,
E não temer ventos contrários.
É dançar a dança do amor e da dor
Tendo como companheira a poesia!
Tão complicado e tão simples!
Assim é a vida!
Se você disser que vem
Meus braços se farão asas
Para abrigar seu corpo.
Se você disser que vem
Meu coração se fará ninho
Para o mais belo pássaro morar.
E, se você vier, certamente,
A minha alma apaixonada
Desprenderá o mais sublime perfume
Sobre o seu corpo desejado!
Livre! Leve! Louca!
Saio do abismo
Como quem vai a uma festa!
Não há fundo de poço,
Nem altos e baixos.
O céu não é o meu limite.
Eu não tenho limites!
Gosto de caminhos tortos...
As curvas me encantam
Pelo mistério guardado adiante.
Sou o que quero ser:
Amada, odiada, fada ou bruxa.
Não ando nos trilhos!
Isso é coisa para deusas.
Prefiro ser feiticeira!
Sei caminhar sozinha
E a solidão é boa companhia.
Preciso estar só.
Solte-me!
Necessito voar!
Meu voo solitário
Leva-me ao meu encontro.
Sou egoísta, meu amor!
Meu mundo sou eu!
Dá-me tua mão!
Arrasta-me para Ali, Allah!
Se podes mover montanhas,
Deixa que o amor me "oriente"
Nas mil e uma noites...
Lança o fruto do pecado!
Faze de mim a serpente
Solta no paraíso encantado!
Que eu possa abrir os mares
Qual Moisés no Mar Vermelho...
Insh'Allah!
Que de todo meu ser evapore
O doce e mágico perfume
Do profano nele contido!
Se a vida vem em ondas
E as águas são bravias,
Eu me atiro em alto mar
E deixo a vida me levar...
Não me assusto com as ironias
E com a armadilha que ronda
Uma existência tão curta!
Vou sorrir para a tristeza!
E se ela quiser pousada,
Bato-lhe com a porta na cara,
Pinto os lábios de vermelho
E danço um tango argentino!
E a chuva fina e fria desceu
Lentamente como uma cortina...
Na tarde morena e triste
Adormecera o "Falcão".
Nenhum ruído no ar...
Os passos eram melancólicos e taciturnos...
Era preciso silêncio:
Não se devia perturbar o sono do "Falcão".
Mas nem tudo é névoa, mistério
E ausência de divindade.
Da natureza mágica, sobre a Terra,
Soprou Deus um vento suave e doce.
As gotas que o vento trazia,
Com a magia de seus dedos,
Desenharam seu rosto moreno
Nas sombras do arco-íris!
Nem por você nem por ninguém
Eu vou roubar os anéis de Saturno.
Talvez eu vá até lá
E quem sabe te levo comigo?
Voando nas asas do vento
Cantaremos na língua dos Anjos
As belas canções de amor...
E, cansados da longa viagem,
Embriagados de poesia e luar,
Dormiremos eternamente
Nos braços do infinito...
Escorre na veia o veneno
Em suaves gotas...
Na boca o gosto do fruto.
O corpo serpenteando
Nem anjo nem demônio,
Nem fruto nem serpente.
Nada é proibido
Quando se trata de amar.
No amor não cabem perguntas.
Nele estão todas as respostas...
O amor é atrevido
Não respeita as fronteiras...
Voa, lentamente, voa!
Liberta tuas asas!
Na tua falsa fragilidade
Enfrenta as tempestades!
Deixa que o vento te leve
Para além do infinito...
Pousa suavemente
Nos ombros dele,
Faze-lhe carícias de amor
Sufocadas na minha alma.
Desperta em ti
Teu sonho de mulher alada...
Quebra as fronteiras
E abre o mar de possibilidades
De encontros, sonhos e encantos
Nem flor
Nem beija-flor.
Nem anjo
Nem demônio.
Alma errante
Vagando caminhos tortos.
Recatada e escandalosa,
Um jogo de antíteses
Que ora pensa
E ora dispensa.
Às vezes brisa
Às vezes vulcão.
Nunca se acomoda...
Ah, mas como incomoda!
Leia, interprete, releia...
Não conseguirá decifrar.
É código secreto,
Dispensa meio termo
8 ou 80!
Prazer, sou eu!
Meu pensamento
É liberto de correntes,
Desconhece a prisão do corpo.
Sou alma livre
Não há cativeiros
Capazes de aprisionar meus sonhos!
Guardados em mim
Eles atravessam os oceanos
Pairando no ar
E quebrando os elos
Que tentam impedir o meu voo...
Sair do casulo qual borboleta
Ter asas e alçar voo
Para além das montanhas.
Atravessando os mares bravios
E pousar suavemente
Em tuas mãos...
Descobrir os segredos
Que povoam tua alma
Bela, simples, quase inocente.
Ouvir as batidas do teu coração
Murmurando palavras de amor...
Como fazer um poema
Para quem é pura poesia?
O coração transborda amor
E as palavras se intimidam
Diante da mais bela criação
Da suprema inspiração de Deus.
Por ironia, brilha o sol de outono. O silêncio paira no ar das dez e trinta da manhã. O canto do pássaro solitário preenche o vazio da minha alma turbulenta. Olho o maço de cigarros, vermelho, feio, cheio de detalhes e dizeres horripilantes. Coisas dos homens...
Contemplo o céu infinitamente azul. Nuvens esparsas sugerem que os deuses passeiam por lá, mas não dá para ver Deus. Ele deve estar muito ocupado com seus fiéis, ou quem sabe, envolto no manto dourado, tirando um cochilo...
Aqui, solitário também, metido a poeta, busco palavras que acalmam o coração enjaulado no peito, descompassado em um compasso frenético.
Apesar do desatino, sinto uma estranha paz, de quem " deixa a vida como deixa o tédio"...Vou ao dicionário. Nenhuma palavra me chama a atenção. Estão todas apagadas.
Volto os olhos para o maço de cigarros. Acendo o último. Último? Como hei de saber o instante?
A fumaça lenta e preguiçosa esvai-se no ar como uma vida besta, efêmera, que não encontrou as
respostas de que precisava.
Não se afogue nas profundezas
Das águas voluptuosas!
No raso do acaso
Moram silêncios suaves,
Desejos profanos
E puramente sagrados,
Secretos e abençoados
esperando pelo seu mergulho...
Venha! Afogue-se!
Desbrave e decifre
A suavidade desse mar!
Mães são instrumentos sagrados que emprestam o ventre ao Criador, para que Ele possa enviar novas almas à Terra.
Nasci com asas
Emplumadas de sonhos
E a alma livre, leve e solta
Não me prendam em gaiolas!
Liberdade Liberdade!
Abre as asas sobre mim!
Libertad! Liberté! Özgürlük!
Em todas as línguas
I was born to be free!
Sereia sem mar
Desafinada no canto,
Trazendo consigo
A melodia confusa,
Enigmática e paradoxal.
Um jogo de antíteses
Nas hipérboles da vida.
A mais pura sinestesia
Que nenhuma metáfora
Poderá explicar.
Por mais que eu escreva
Palavras jamais expressarão
O que guardo dentro de mim.
___ O sagrado e o profano___
Sentimentos ilhados e misturados
Explodindo na inquietude
Barulhenta do meu ser.
Meu coração é um pássaro sem pouso
Que de galho em galho
Colhe o néctar de amores impossíveis
Um aventureiro e indomável rouxinol
Atravessando oceanos e montanhas
Guiado pela voz da poesia.
Atravessando mares e montanhas
Do ocidente ao oriente
Em todas as línguas
O amor fala mais alto.
Os olhares conversam
Na linguagem universal.
Inshallah!
No peito o cavalgar
Da estranha felicidade.
Así es el amor!
Babel
Sua voz ecoa e transborda
Na aridez de minh'alma...
Perdida no deserto das palavras
Caminho nas loucas trilhas
Sob o brilho do teu olhar...
Babil Kulesi
Que só o coração decifra.
Não conto o tempo
Não sou de exatas
Sou de humanas.
Só sei contar sonhos,
Somar amores,
Subtrair tristezas,
Multiplicar alegrias,
Dividir esperanças.
A alma transborda poesia
Enquanto todas as palavras
Estão presas em êxtase...
Corazón! Violenta onda
A punto de estallar...
Suavemente
Gotas de cristais
Caem lentamente
Sobre o verde-musgo
Lavando e levando
As não-resolvidas dores...
Um vento doce e matreiro
Invade a alma sussurrando
Senhor!
Venho pedir-te a caridade
De deixar cair sobre mim
O sonhado impeachment
Contra a ignorância e a prepotência,
E até mesmo a insistência
Do prolongar inútil
Da própria existência
Quero a leveza de espírito
Solitariamente livre
Nas urnas da imensidão!
Ah, fonte, fonte,
Não me deixes!
Não sou a medrosa flor
Tonta de terror
Diante dos desafios!
Leva-me, fonte
Com teu sussurro zombador!
Sobrevivi nos montes
Aprendo a nadar no mar
Surfando nas ondas bravias...
Canta-me tua louca canção,
Esfria e acalma minh ‘alma
Com tuas águas cristalinas
Transporta-me além do horizonte
Abrindo-me rasgões de luar!
Sou do outono
Das tardes mornas
Adocicadas ao sabor do vento
Sou o longo tapete
De folhas secas pelo chão...
Doce e estranha melancolia
Que estremece a alma
E preenche todo meu ser
De poesia e luar...
Almas entrelaçadas.
Destinos cruzados.
Linhas paralelas.
Olhos que se encontram.
Mãos que não se tocam.
Sentimentos estranhos.
Jogos de sedução.
Dangerous...
Seni kaçiririm.
Não há medo. Há poesia!
A dor de não escrever
De não gritar o poema
Prisioneiro na garganta
Sufoca o peito.
Se ando pleno de poesia
O poema que não lhe fiz
Deixa minh' alma vazia.
E o vento sopra
De Istanbul ao Brasil
O doce sussurro
Seni Istiyorum.
As frases soltas formam
Um oceano de sonhos..
Seni özlüyorum
Askim, seni için buradayim...
Amor, estranho amor
Que encurta distâncias.
Evet.
Às vezes sou como as águas
Mansas, claras, pacatas e transparentes,
Aceitando o lixo e o estrume
Como uma dádiva.
Outras vezes sou como as águas
Sujas, ruidosas, turbulentas,
Devolvendo o lixo e o estrume
Ao próprio dono.
Ano novo? Ah, homens,
que invenção contar o tempo!
Dispenso vãs filosofias.
Frívolas alegrias
camuflando mágoas
em um mundo em decomposição.
Se a vida vem em ondas
E as águas são bravias,
Eu me atiro em alto mar
E deixo a vida me levar...
Não me assusto com as ironias
E com a armadilha que ronda
Uma existência tão curta!
Vou sorrir para a tristeza!
E se ela quiser pousada,
Bato-lhe com a porta na cara,
Pinto os lábios de vermelho
E danço um tango argentino!
E a chuva fina e fria desceu
Lentamente como uma cortina...
Na tarde morena e triste
Adormecera o "Falcão".
Nenhum ruído no ar...
Os passos eram melancólicos e taciturnos...
Era preciso silêncio:
Não se devia perturbar o sono do "Falcão".
Mas nem tudo é névoa, mistério
E ausência de divindade.
Da natureza mágica, sobre a Terra,
Soprou Deus um vento suave e doce.
As gotas que o vento trazia,
Com a magia de seus dedos,
Desenharam seu rosto moreno
Nas sombras do arco-íris!
Nem por você nem por ninguém
Eu vou roubar os anéis de Saturno.
Talvez eu vá até lá
E quem sabe te levo comigo?
Voando nas asas do vento
Cantaremos na língua dos Anjos
As belas canções de amor...
E, cansados da longa viagem,
Embriagados de poesia e luar,
Dormiremos eternamente
Nos braços do infinito...
Meu pensamento
É liberto de correntes,
Desconhece a prisão do corpo.
Sou alma livre
Não há cativeiros
Capazes de aprisionar meus sonhos!
Guardados em mim
Eles atravessam os oceanos
Pairando no ar
E quebrando os elos
Que tentam impedir o meu voo...
Sair do casulo qual borboleta
Ter asas e alçar voo
Para além das montanhas.
Atravessando os mares bravios
E pousar suavemente
Em tuas mãos...
Descobrir os segredos
Que povoam tua alma
Bela, simples, quase inocente.
Ouvir as batidas do teu coração
Murmurando palavras de amor...
Não me imponha limites
Eu sou feita de infinitos!
Não me diga o que fazer
Eu não vou obedecer!
Não me prenda em gaiolas
Eu nasci com asas de sonhos
Para voar além dos horizontes!
Não diga que me ama
Eu não acredito nos homens!
Poupe-me das inúteis futilidades
Eu sou feita de realidades!
Não venha assombrar minha vida
Eu sou a própria sombra!
Metade mulher
Metade bicho.
Perfume de flor
Cheiro de fera.
Brisa suave
Furacão que devasta.
Leveza das borboletas
Patadas de fera.
Delicadeza das rosas
Bestialidade dos espinhos.
Amor e ódio na alma.
Olho no olho!
Decifra-me se for capaz!
Eu vou vivendo entre vírgulas.
Às vezes a chama flamejante
Parece clamar pela morte...
Mas eu acendo em mim a esperança
E a leoa, adormecida dentro de mim,
Desperta para as batalhas da vida.
Algumas vezes, as nuvens de lágrimas
Querem fazer morada nos meus olhos
E encobrir o sol do meu sorriso;
Nesse instante de dor imensa
Onde eu já não caibo dentro de mim
Eu me transbordo como um oceano...
E, assim, vou escrevendo meu destino
Nas linhas tortas da vida!
Ela cresceu nos jardins floridos
Entre afetos, beijos e abraços.
Os olhos âmbar, tão misteriosos,
Eram capazes de captar a poesia
Onde nenhum mortal enxergaria.
Trazia na alma, bem lá no fundo,
Uma indomável irreverência.
Conheceu amores, dores, dissabores
E o sabor salgado das lágrimas.
Aprendeu a costurar as feridas
Com as linhas da poesia
E não mais se deixar rasgar pela dor.
E a menina, que um dia, foi flor
Tornou-se uma pedra. Uma rocha.
Não! Não é solidão! Na calmaria das águas
Que seguem seu curso
Sinto-me mais perto de mim :
É o encontro com minha alma
Que se deixa transbordar...
Agora sou apenas eu!
Não há barulho interior.
Há um sentimento profundo
E a doce e suprema desilusão
Que me faz sentir plena, absoluta!
Aprendo a seguir o curso da vida
Desacreditando no amor dos homens
E amando-me como eu mereço!
Não! Não é solidão! Na calmaria das águas
Que seguem seu curso
Sinto-me mais perto de mim :
É o encontro com minha alma
Que se deixa transbordar...
Agora sou apenas eu!
Não há barulho interior.
Há um sentimento profundo
E a doce e suprema desilusão
Que me faz sentir plena, absoluta!
Aprendo a seguir o curso da vida
Desacreditando no amor dos homens
E amando-me como eu mereço!
Leia com calma
Se quiser me entender!
Eu não sou o que você vê
E nem sou o que você imagina.
Eu sou a poesia rara
Que você não sabe sentir.
Então, meu caro, feche o livro
Mas não rasgue as páginas!
Há uma fila enorme
À espera de grandes descobertas...
No meu mundo de sonhos
Não há lugar para analfabeto do amor!
Borboletas na alma. Flores no coração.
Talvez eu viva uma realidade
Que você nunca vai entender.
Fazer o quê? Eu nasci poeta,
E em mim foram guardados
Todos os sonhos do mundo!
A melhor forma de sobrevivência
É fantasiar e romantizar as dores.
Essa é a química do meu DNA:
Ao mundo e seus conceitos, o meu cinismo!
Eu sou a minha doce solidão
No meio dessa multidão hipócrita!
Seus lábios são poesias
Que escorrem o mais puro néctar
No deserto da minha alma.
E eu me perco, sem pudor,
Deixando minha língua passear
Pelo céu de tua boca...
Nesse instante, sou uma presa fácil
Nas garras de um implacável jaguar
Que traz no olhar inocente
Toda a maldade da sedução
Arrastando-me ao abismo do paraíso!
Apesar de tudo
Eu sigo plena, absoluta!
Eu não preciso de religião
Para me encontrar com Deus.
As luzes lá do alto
São lâmpadas que iluminam
A minha alma, e acalmam
As tempestades voluptuosas!
Sei que Deus me abraça
Quando a tristeza me visita;
E dos seus dedos mágicos
Faz chover sobre meu ser
Infinitas gotas de felicidade...
Minha religião é o amor e Deus!
Antes que meus olhos se fechem
Eu preciso ver o teu rosto!
Antes que minhas mãos não se movam mais
Eu preciso tocar o seu corpo!
Antes que minha voz se cale
Eu preciso dizer que te amo!
Antes que meus passos não mais caminhem
Eu preciso ir ao teu encontro!
Antes que a morte me encontre
Eu preciso viver ao teu lado!
Um rosto, Um olhar. Um sorriso.
Uma mistura de anjo e tentação.
Eu vou do inferno ao paraíso
Viajando nas asas do pensamento.
Pecado? Não existe pecado no paraíso!
Fecho os olhos e abro o coração.
O amor transborda todo o meu ser
Como o sangue que corre nas minhas veias...
A poesia se cala...não há palavras
Para definir a inquietude da alma
Que clama pelo desejo de voar...
Oh, meu Deus, por que tu permitiste?
Por que não mudaste a minha história
Se tinhas nas mãos o meu destino?
A voz da poesia invade a sala
Escorrendo lentamente, suavemente,
Misturando-se ao vermelho do meu sangue...
Não sei quem lamenta mais a dor
Se é meu coração cansado ou se é a poesia
Tão intrusa quanto esse sentimento
Ilhado, amordaçado no meu peito.
Uma lágrima teimosa salta dos meus olhos...
Meu olhar se reveste de grossas nuvens
Negras, tão pesadas quanto o fardo
Que pesa duramente na minha alma frágil!
Meus olhos passeiam pelo infinito
Na esperança de encontrar Deus.
Inútil! As portas do paraíso estão fechadas.
Penso que Deus está tão cansado quanto eu.
Caminho...há uma porta a minha frente. Fechada!
Mal sabe ela que eu tenho a chave.
Imito o Criador: dane-se o mundo!
Amo o tempo e o vento!
O vento que passa
Às vezes, imperceptível,
Arrastando nas mãos
O lixo e o luxo das palavras
Registradas na alma...
Ah, e o tempo?
Não, ele não é nosso carrasco.
O tempo é o amigo
Que recebe das mãos do vento
Essa carga que pesa o coração!
Ele faz chover a paz no espírito...
Gratidão ao tempo e ao vento
Que acalmam essa turbulência
E nos revestem de força e sabedoria
Não nos deixando cair em tentação,
Livrando-nos de todo o mal
De não perdoar aos que nos ferem!
Sinto tua presença inspiradora
Inundar todo meu ser;
Porém, ironicamente, as palavras riem
E torturam minha fábrica de sonhos...
Há um nó que não desata,
Uma adrenalina correndo solta,
E a voz se cala, estarrecida,
Deixando-se levar pela doce correnteza...
E a poesia, estática e emudecida,
Deixa fluir do misterioso silêncio
Gotas mágicas de ilusões...
Ai, quem me dera, coração,
Ser poeta de corpo e alma
Para te fazer um poema de amor!
Acordei.. olhei no espelho...
A porta estava aberta,
E eu, completamente desprotegida!
Impossível entender o que aconteceu.
A alma parecia uma tempestade no mar...
Sobre a mesa, uma taça de vinho tão vermelho
Quanto o sangue que corre nas veias...
Fecho meus olhos à procura de mim mesma
E eu não consigo me encontrar no labirinto
Que se instalou dentro do meu ser.
Uma vez que a poesia fez morada em minh'alma
E descobriu as chaves
Que abrem as portas do meu coração
Eu não faço mais questão de me encontrar.
Para ela, já não sou mais um segredo!
Para valer a pena
Temos que nos encantar
Pelos pequenos detalhes
De uma vida tão breve.
É preciso ver o amor florescer
Onde a dor insiste em permanecer
E lavar a alma com as tempestades
Mesmo que fiquem as cicatrizes.
Para valer a pena
Temos que provar o amargo das manhãs
Mergulhar nas tardes de outono
E navegar nas noites com ou sem estrelas...
Viver é vestir-se de flores
E pintar a alma sofrida
De sabores, de perfumes e de cores
Com os pincéis da esperança.
Da minha janela, eu contemplo o horizonte.
A fumaça do outono cobre as montanhas,
Os raios do sol se estendem preguiçosamente
Como uma longa cortina transparente...
Dentro de mim, a eterna guerra
Entre calmaria e tempestade.
A minha alma se enche de um vazio
Como uma árvore que perdeu as folhas.
Sinto-me o duplo sentido da vida,
Um barco na direção contrária
Navegando...Até quando? Eu não sei.
No dia em que você voltar
A porta estará fechada.
Encontrará o cadeado trancado
Mas as chaves não estarão lá
E nenhum chaveiro possui o molde.
Não tente arrombar a porta!
Lá dentro só mora o vazio
Todos os sentimentos bons e ruins
Fizeram as malas e partiram.
Eles não deixaram nem os rastros...
No dia em que você voltar
Será tarde demais!
Vive! Mas não te apegues!
Somos seres descartáveis
Com data de validade vencida.
Somos o nada do nada!
Estamos prestes a partir
Para aonde? Quem sabe?
E quando partirmos para sempre
Alguém chorará, como de costume,
Outros fingirão dores.
E nesse dia, nesse mesmo dia,
Não serás nem um retrato na parede
(Até porque não se usa mais).
Na tela do celular ou do computador
Teus filhos e tua família colocarão
Uma bela paisagem da natureza
Ou, certamente, a maravilhosa foto
De suas namoradas ou namorados.
Por isso, não chores, não sofras, não ames!
Insensibilidade, meu caro, não dói!
Insensibilidade te faz mais forte!
Às vezes eu penso em desistir
De caminhar nessa longa estrada.
Sinto as pernas cansadas
E a alma endurecida e molhada
Pelas lágrimas que escorrem
Finas e frias do coração amargurado.
Meus olhos não mais olham para o céu,
Já não procuram esperanças perdidas...
Basta de falso lirismo!
Chega de camuflar a dura realidade!
Ponto final. Eu assino a minha incompetência:
Eu não posso reescrever essa história!
Para que palavras
Se o olhar diz tudo?
Palavras são detalhes
Quando os olhares se encontram
E falam em silêncio.
Não há distância. Há sorrisos
E borboletas irrequietas no estômago.
Um leve tremor passeia nas veias
Bombeando ternura na alma...
A linguagem universal do amor
Não nasceu para ser traduzida
Nem para ser entendida.
Tudo se revela no silêncio.
Meu lema:
Às vezes fada!
Eu colho palavras do vento,
Escuto o barulho da alma,
Voo nas asas da imaginação
E vivo sonhos impossíveis...
Acredito em mentiras sinceras
E no fantástico mundo dos homens!
Eu não tenho varinha mágica.
Sempre bruxa!
Eu não gosto de vassouras
Mas tenho um caldeirão de magias
Em chamas dentro da alma.
Nele eu fervo meus sonhos,
Transformo dores em cinzas...
E deixo que o vento se encarregue
De expulsá-las para bem longe...
Eu não sou um anjo
E nem pretendo ser.
Sou um ser alado
Porque nasci com asas de sonhos
E liberdade de pensamento.
Ninguém pode aprisioná-los!
Meu mundo interior é maior
Do que o universo...infinito...
E eu ainda não consegui percorrer
O universo que tenho dentro de mim.
Mas, apesar dessa imensidão,
Não há lugar para amor bandido
E pessoas vazias de sentimentos.
A porta está aberta... Vá!
E não olhe para trás!
- Jogue-me suas tranças!
Qual Rapunzel presa na torre,
Cabelos vermelhos curtos, alma comprida,
Ela não espera pelo príncipe.
Homens, mulheres, jovens, crianças,
Carros, bicicletas, motos...
O barulho infernal da avenida
Não é maior do que o barulho interior.
Vez por outra, ergue os olhos para o céu...
O azul do infinito faz doer os olhos.
A nuvem, em forma de cavalo branco,
Também não apareceu.
Ela sabe que o príncipe desapareceu
Nas páginas do livro encantado.
O som da campainha no portão não grita:
- Jogue-me suas tranças, Rapunzel!
Sete pecados. Capitais ou capitalistas?
Não sei ao certo qual o sistema do céu.
Qual o tipo de governança impera por lá?
Não creio na Democracia celeste,
Ou quem sabe, Socialista?
Não vou me preocupar com isso,
Não tenho interesse em morar lá.
Não seria bem vinda ao paraíso
Reservado para os escolhidos.
Fui chamada mas não fui escolhida.
Esse destino traçado por mãos alheias
Vai respingando lágrimas na minha alma
E endurecendo meu coração.
Chega, Senhor! Corta o cordão umbilical!
Não me imponha limites
Eu sou feita de infinitos!
Não me diga o que fazer
Eu não vou obedecer!
Não me prenda em gaiolas
Eu nasci com asas de sonhos
Para voar além dos horizontes!
Não diga que me ama
Eu não acredito nos homens!
Poupe-me das inúteis futilidades
Eu sou feita de realidades!
Não venha assombrar minha vida
Eu sou a própria sombra!
Então eu fecho os olhos
Para esquecer as dores do mundo!
Mas a minha alma está atenta
À dura paisagem que se desenha:
A mulher que chora amargamente
A eterna partida do filho,
A criança inocente que tomba
Violentamente pela bala perdida...
Preciso fechar os olhos da alma
Para esquecer as dores do mundo!
Há sobras de pães nas padarias
E os mendigos famintos morrem nas calçadas...
Meu pensamento viaja nessa terra sem leis,
O inferno e o paraíso ao mesmo tempo!
Eu preciso esquecer as dores do mundo!
Mas a minha alma inquieta não deixa!
A lama que escorre da montanha
E encobre a cidade e os homens
Sufocando o grito e as lágrimas,
A vida que nada vale
Para a Vale do Rio Doce,
"Filhos de Cristo, cada vez mais ricos!"
Preciso fechar os olhos da minha alma
Para esquecer as dores do mundo!
Metade mulher
Metade bicho.
Perfume de flor
Cheiro de fera.
Brisa suave
Furacão que devasta.
Leveza das borboletas
Patadas de fera.
Delicadeza das rosas
Bestialidade dos espinhos.
Amor e ódio na alma.
Olho no olho!
Decifra-me se for capaz!
Ela cresceu nos jardins floridos
Entre afetos, beijos e abraços.
Os olhos âmbar, tão misteriosos,
Eram capazes de captar a poesia
Onde nenhum mortal enxergaria.
Trazia na alma, bem lá no fundo,
Uma indomável irreverência.
Conheceu amores, dores, dissabores
E o sabor salgado das lágrimas.
Aprendeu a costurar as feridas
Com as linhas da poesia
E não mais se deixar rasgar pela dor.
E a menina, que um dia, foi flor
Tornou-se uma pedra. Uma rocha.
Eu vou vivendo entre vírgulas.
Às vezes a chama flamejante
Parece clamar pela morte...
Mas eu acendo em mim a esperança
E a leoa, adormecida dentro de mim,
Desperta para as batalhas da vida.
Algumas vezes, as nuvens de lágrimas
Querem fazer morada nos meus olhos
E encobrir o sol do meu sorriso;
Nesse instante de dor imensa
Onde eu já não caibo dentro de mim
Eu me transbordo como um oceano...
E, assim, vou escrevendo meu destino
Nas linhas tortas da vida!
Leia com calma
Se quiser me entender!
Eu não sou o que você vê
E nem sou o que você imagina.
Eu sou a poesia rara
Que você não sabe sentir.
Então, meu caro, feche o livro
Mas não rasgue as páginas!
Há uma fila enorme
À espera de grandes descobertas...
No meu mundo de sonhos
Não há lugar para analfabeto do amor!
Leia com calma
Se quiser me entender!
Eu não sou o que você vê
E nem sou o que você imagina.
Eu sou a poesia rara
Que você não sabe sentir.
Então, meu caro, feche o livro
Mas não rasgue as páginas!
Há uma fila enorme
À espera de grandes descobertas...
No meu mundo de sonhos
Não há lugar para analfabeto do amor!