De que adianta o mar
Se ele não sabe nadar?
De que adianta a poesia
Se ele não sabe ler?
De que adianta a estrela
Se ele não sabe ouvi-la?
De que adianta o amor
Se ele não sabe transbordar-se?
De que adiantam as riquezas da vida
Se ele é pobre de espírito?
De que adianta a intensidade
Se ele é um parasita?
A ele só cabe afundar-se
Na areia movediça dos seus sentimentos rasos...
Ele, alma pequena...uma sombra...um ser insignificante!
Há um tempo para todas as coisas
Tempo de amar, tempo de viver,
Tempo de sorrir e tempo de chorar...
Por isso, eu me dou ao luxo
Do meu tempo de fugir de mim mesma.
E eu deixo que minha mente barulhenta
Absorva a calmaria da natureza,
Eu permito que seja lavado da minh'alma
Tudo aquilo que não me faz bem;
Eu me entrego ao vento que passa
Esvaziando todo o meu ser!
De alma límpida, coração em branco,
Eu respiro o novo universo dentro de mim.
Um universo do qual você já foi abortado!
Fera ferida... bruxa...princesa... mulher!
Eu sou aquela que aprendeu curar as dores
E secar as lágrimas com um sorriso.
Não tenho medo das tempestades
Porque eu sou a própria tempestade.
Aprendi como nadar nas correntezas da vida
E bailar nos passos dos ventos furiosos.
Às vezes, sou incompreendida e misteriosa,
Eu sou um quebra-cabeça de difícil conclusão.
Não tente nunca encaixar as peças!
Não se deixe levar pela doçura do meu olhar
E nem ouse passear pelo meu coração
Porque dentro dele há um abismo mortal!
Lá fora a chuva cai torrencialmente.
São lágrimas compridas e tristes
Que vão formando uma correnteza...
Dentro de mim não é diferente.
Dos meus olhos escorrem uma chuva
Transbordando de dentro pra fora
Porque já não cabe mais no peito.
Caminho até a minha janela.
O arvoredo, diante de mim, acaricia meu rosto.
Apesar dos olhos molhados, sinto paz!
Por um instante, esqueço quem sou eu
E me perco nos meus pensamentos...
Alma livre...sem correntes...gaivota ao vento...
Ausente de mim mesma, como uma folha em branco,
Aguardo por um poeta com sensibilidade
Para escrever em mim uma nova história!
A música suave invade minh'alma
Embriagando todo meu ser interior...
A dose do álcool poético é extasiante.
Mesmo que eu não entenda a canção,
Eu me deixo levar nos passos dessa dança.
Despojada, totalmente nua de mim mesma,
Eu me abandono nos braços dessa loucura
Que me transporta ao desconhecido infinito.
Sinto-me única, uma loba solitária e feliz
Embalada pelas gotas da chuva fina e fria
Que me deixam bêbada, alucinada,
Inconsequente, sem pecado e sem juízo!
Eu sou uma caixa vazia
Cheia de bons sentimentos
Mas joguei a chave fora
E guardei o segredo do cadeado.
Eu sou um livro complexo
Que somente bons leitores
Podem entender cada vírgula, cada palavra.
Eu sou uma andarilha ao vento
Mais uma criatura perdida no mundo
Escondida entre montanhas verdejantes.
Sou a mulher invisível e insensível
Aos seus olhares profanos.
Eu não sou o Fogo, a Terra, a Água ou o Ar.
Eu sou o Quinto Elemento. O Enigma,
Misteriosamente ininteligível, indecifrável.
Estou desapegando de tudo que me faz sofrer.
Alguma coisa mudou dentro de mim.
Sinto-me leve, suave e feliz.
Estou livre para voar novamente...
Para aonde o vento quiser me levar
Eu sigo o curso da ventania
Como as folhas soltas das árvores.
Se o vento sopra para o Norte, lá vou eu!
Se o vento sopra para o Sul, lá vou eu!
A direção não me importa!
O importante é seguir em frente
Deixando para trás os desenganos e os desencantos.
Eu não sou poeta
No corpo, o doce arrepio da felicidade
Acaricia o sonho de liberdade!
Não sou anjo e nem quero ser!
Mas eu tenho asas para voar...
O pássaro que trago dentro de mim
Não conhece o limite das gaiolas,
Meu canto atravessa mares e montanhas,
E, mesmo que você não me ouça,
Eu cantarei meus sonhos e meus delírios
Porque eu sou alegre e sou triste,
Eu não sou poeta!
A lua, exuberante, lá do céu,
Deu-me um largo sorriso.
Meus olhos, hipnotizados, profundos,
Contemplaram aquele espetáculo.
Os deuses iniciaram um ritual mágico
Desenhando uma paisagem esplêndida.
Meus olhos se fixaram naquele encantamento...
E a lua foi se tornando transparente...
Caminho nas nuvens macias
Como uma loba solitária, fascinada,
À procura do teu olhar enamorado.
Êxtase! Vida louca! Amor sem fim!
A lua, exuberante, lá do céu,
Deu-me um largo sorriso.
Meus olhos, hipnotizados, profundos,
Contemplaram aquele espetáculo.
Os deuses iniciaram um ritual mágico
Desenhando uma paisagem esplêndida.
Meus olhos se fixaram naquele encantamento...
E a lua foi se tornando transparente...
Caminho nas nuvens macias
Como uma loba solitária, fascinada,
À procura do teu olhar enamorado.
Êxtase! Vida louca! Amor sem fim!