Meu coração endurecido, coberto de dor,
Está em isolamento. Portas trancadas.
No peito não há espaço para mágoas,
Apenas o vazio se faz presente.
O vírus mortal da falta de amor
Já recebeu a vacina contra o desencanto.
Estou imune às suas mentiras e agressividades.
Dentro de mim a razão fala mais alto!
Amanhã, quem sabe?
Talvez alguém se lembre de mim.
Que importância isso terá?
Eu não quero ser uma fotografia
Na parede da sua memória!
Meus olhos observam o mundo.
Há um silêncio de morte
Passeando pela montanha verdejante.
Do céu cinzento e triste
Caem algumas lágrimas compridas.
Meu coração sangra...às vezes, acelera...
O inimigo invisível e devastador
Viaja de continente a continente
Isolando os povos, ceifando vidas...
Oh, o quão somos insignificantes!
Como Moisés, sobre a montanha,
Nós nos curvamos diante de Ti, Senhor,
Implorando pela Tua misericórdia!
Sou fruto proibido
Não tente me provar!
Eu venho de uma árvore frondosa
Mas não me colhe!
Não me deseje!
Deixe-me, ainda não estou madura
Para seus pensamentos inúteis.
O que você vê por fora
Você não conhece por dentro...
Eis o meu segredo:
Sou doce como o mel
Mas o meu veneno pode matar!
Senhor, por que finges de surdo
Quando eu me dirijo a Ti?
Abre o livro da minha vida
E leia com carinho o que escrevestes.
Deixa-me ser dona do meu destino!
Acaso me consultastes se eu concordaria
Com o cruel destino que me destes?
Tens certeza absoluta de que tudo isso
É o melhor que tinhas para mim?
Cessa tua ira! Pregas o amor
E, no entanto, despejas teu rancor em mim!
Minha alma é uma constante tempestade,
Um barco sem rumo e sem leme
Navegando em águas turbulentas.
Não me faças mais descrente do que já sou!
Perdida na noite escura,
Entre a lua e as estrelas,
Eu desenho seu belo rosto
Na minha alma vazia...
A dor é tão profunda
Que já não dói mais!
Um mar de angústia e desencanto
Faz o barco da vida naufragar...
Como um bravo pirata dos mares,
Vou enfrentando as voluptuosas tempestades.
Faço do seu sorriso e do seu olhar o remédio
Que cicatrizará todas as minhas dores!
Meus olhos vagueiam no horizonte.
O silêncio grita alto dentro de minha alma.
Ninguém ouve...somente a montanha exuberante,
Coberta pelo verde-musgo das árvores
É capaz de sentir meu coração sangrando...
Há um vazio cheio de tormentas
Fazendo tempestade dentro de mim.
No céu cinza da tarde de inverno
Sinto-me um anjo de asas quebradas.
Mas não estou vencido. Ainda tenho sonhos.
Convicta de que a poesia, você e eu, de mãos dadas,
Somos capazes de transpor os horizontes
E redescobrir o paraíso do amor infinito,
Eu vou pulando as ondas turbulentas
Que querem me arrastar ao desespero!
Não são só as montanhas tristes
Que sentem o frio na alma.
Há inverno no meu coração
E a branca névoa cobre todo meu ser.
A solidão, minha eterna companhia,
Acaricia meus cabelos vermelhos,
Tão vermelhos quanto o sangue
Que escorre na minha alma.
Meus olhos observam o mundo...
A humanidade está doente
Não há sonhos, não há amor, não há esperança.
Fecho os olhos para conter a lágrima
E encontro dentro de mim o elo perdido:
Meus sonhos, os meus amores e minha esperança.